Carolina era uma menina diferente, sentia desde sua infância que algo nela diferia das outras meninas de sua idade. Inconformava-se com essas diferenças e faltas de afinidades mas sempre seguiu sua vida de forma 'normal', sempre se adequando a sociedade e as pessoas que nela estavam. Lá para os seus 16 anos, em sua época de maior rebeldia, foi a uma festa, bebeu além da conta e sem que ninguém visse foi amparada por uma outra menina, que ela nunca havia visto mas que, mesmo sem ser amiga dela, a ajudou quando ninguém estava presente. Carolina reconheceu a ajuda da menina e foi logo tratando de trocar telefones e de manter contato com a menina, já que acreditava ter encontrado a pessoa que respondia suas expectativas.
O tempo foi passando e Carolina e Aline foram se tornando super amigas, grudadas mesmo. Até que um dia, quando Aline foi dormir na casa de Carol, após uma festa, as duas alegres..
- Carol, tenho uma coisa para contar pra voce.
- Fala Li, que coisa..
- Po, você jura que nao vai me descriminar?
- Lógico! Que idéia! A gente é ou nao é amiga?
- Ai, que bom! Me senti mais conformada.. po, eu... gosto de meninas.
- Caraaca Aline! Sério? Você é... é..
- Lésbica. Isso.
- Calma, nao precisa ficar assim. Caraaca! Olha, fica tranquila que nada na nossa amizade vai mudar. E posso te pedir um favor?
- Fala Carol, o que é?
- Me dá um beijo?
- AHN!?
- É, sabe o que acontece.. desde aquele dia da festa eu notei que tinha algo de diferente em você, algo de especial. Eu nunca beijei meninas, nunca, mas sinto que você me compreende mais que qualquer outra pessoa e mesmo que isso nao me agrade acho que vale a pena tentar.
- Mas e se não for isso que voce quer? E se isso interfirir na nossa amizade? Poxa Carol, sei lá.
Mas antes que Aline completasse suas indecisões, Carol, que acariciava seu cabelo lentamente o passou atrás da orelha para poder ver todo o rosto de Aline, beijou-a. De forma lenta mas convicta de que estava fazendo pela primeira vez na vida algo que realmente mostrava quem ela era. Aos poucos, Aline, que no começo estava sem reação com toda aquela situação foi se entregando ao beijo. Ela mal acreditava no que estava acontecendo, sempre havia gostado de Carol e só a ajudou na festa porque nao estava mais suportando vê-la naquela situação, se preocupava muito com Carol e sempre que a via, seguia-a com seu olhar antes nunca correspondido mas que agora nao só era correspondido como elas estavam se beijando, por horas, felizes e suspirando.
Quando acordaram, ambas com muita dor de cabeça mas conscientes do que haviam feito na noite passada, elas se olharam tímidas, meio sem graça e permaneceram caladas todo o café da manhã até que a casa se esvaziasse e elas pudessem conversar em paz.
- Olha só Carolina, essa agonia tá me matando, dá pra você me falar alguma coisa?
Mas Carol apenas fitava ela, admirada, sem falar nada. Então Aline já impaciente deitou na cama e fechou os olhos para tentar dormir e ver se acabava com sua ansiedade. Quando, surpresa, ao abrir os olhos se depara com os olhos de Carol, suas bocas quase se encostavam e quando Aline foi fazer um movimento mais próximo, para elas beijarem Carol se afastou um pouco e disse 'Nananinanão, só quem te beija sou eu, ontem voce nao quis, agora eu que tomo a iniciativa.... pra sempre' e esse pra sempre foi absorvido de forma tão magnifícfica por Aline que contagiou todo seu corpo, pulando em cima de Carol e dizendo 'Aé? Pena que eu sou mais forte..' e prendendo Carol com os braços, deu um beijo lindo, molhado, de cinema.
Com o passar do tempo, elas foram vendo que suas vidas se encaixavam e que tudo que elas mais queriam era estar juntas. Trocavam juras de amor e ficavam se olhando por horas sem dizer nada. Era um romance lindo e impecável, pena que todas as pessoas que as cercavam eram muito preconceituosas. Família, amigos, toda vez que era mencionado algo a respeito de homossexualidade, eles cortavam, falavam mal e até mesmo destratavam as pobres meninas que com isso, deixavam transparecer muito pouco o amor que sentiam. Nas ruas, andavam bem próximas, braços encostados mas nunca de mãos dadas. Aline se irritava com essa situação mas Carol a repreendia com medo, medo de caso elas assumissem, houvesse um escândalo e as separassem. No dia de comemoração de 1 ano de namoro escondido, Aline foi denovo dormir na casa de Carol e enquanto se beijavam e tocavam, Aline sussurou que achava melhor assumir tudo de vez e curtir o amor delas em paz. Primeiro para os amigos e depois para a família. E se os amigos se afastassem? - perguntava Carol aflita - Simples, deixava-os para lá, arrumavam outros, sinceros. Amigos que realmente são amigos não se abalam por pequenos detalhes. E assim seguiram, juntas. Muitas pessoas ficaram contra, faziam gracinhas, gritavam e berravam coisas até meio desagradáveis, mas que eram absorvidas com nojo pelas meninas, nojo de todas as pessoas que sempre cercavam elas mas que nunca se importaram realmente com elas, com seus sentimentos e ações. Mas não foram-se todos os amigos, alguns, ficaram e ficam até hoje e fazem grandes coisas pelas meninas. E a família? Bem, aceitar, não aceitou plenamente. Mas os pais respeitam a decisão das meninas e tentam, juntos, conversar e compreender que elas se gostam e são felizes assim, mesmo com conflitos e discussões severas. E assim caminha a vida das meninas, com muita dificuldade mas felicidade e compreensão pra sempre.
Carolina encontrou finalmente o que tanto procurava e conseguiu ser compreendida por todos e começou a viver como ela realmente é, sem máscaras ou joguinhos. E Aline passou a ver que se deve realmente lutar e se mostrar disponível para as pessoas que gostamos porque só assim elas podem tentar enxergar a gente com outros olhos e fazer a relação andar, mesmo que não para um final feliz, como aconteceu, mas pela experiência e coragem de ter seguido em frente.
Fim.
Espero que gostem.
Um comentário:
esse,certamente, foi um dos melhores
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